Lidar com um familiar dependente químico é um grande desafio. Em muitos casos, a dúvida sobre a necessidade de internação gera medo e incerteza.
A dependência química é uma doença que exige tratamento adequado e, embora não tenha cura, pode ser controlada para que a pessoa tenha uma vida saudável.
Muitas famílias não sabem quando tomar essa decisão e, mesmo quando percebem a necessidade, enfrentam receios, como medo da reação do dependente, preocupações com o tipo de tratamento e receio de que a internação não seja eficaz.
No entanto, há momentos em que essa medida se torna a única alternativa para preservar a vida e o bem-estar do dependente e das pessoas ao seu redor.
Nem Todos Precisam de Internação
O primeiro ponto a considerar é que nem todos os dependentes químicos precisam ser internados. Alguns conseguem interromper o uso com acompanhamento ambulatorial, que envolve psiquiatra, psicólogo e suporte familiar.
A internação só se torna necessária quando todas as outras tentativas falham e o indivíduo perde totalmente o controle sobre sua própria vida.
Existem casos em que o dependente químico chega a um estágio disfuncional, no qual todas as áreas da vida são afetadas pelo uso da substância. Esse é um sinal de alerta que pode indicar a necessidade de internação.
Sinais de que a Internação é Necessária
Para ajudar a identificar quando a internação deve ser considerada, há sinais que indicam a gravidade da situação.
1. Mudança drástica no comportamento
O dependente perde sua rotina, deixa de se alimentar adequadamente, passa dias sem dormir e se afasta da família. Em casos extremos, sequer consegue manter um emprego ou frequentar a escola.
2. Isolamento social
Mesmo estando em casa, ele se afasta dos familiares, evita interações e, muitas vezes, sente vergonha de sua condição. Esse isolamento pode ser um reflexo da dificuldade em lidar com a própria dependência.
3. Mentiras constantes
A necessidade de justificar seu comportamento leva o dependente a criar histórias falsas sobre onde esteve, com quem estava e por que faltou ao trabalho ou à escola. O hábito de mentir se torna parte de sua rotina, afetando sua credibilidade e confiança.
4. Agressividade e irritabilidade
Nem todos os dependentes se tornam agressivos, mas muitas substâncias podem provocar mudanças de humor extremas. A irritabilidade pode ser resultado da abstinência ou da negação do problema.
5. Falta de autocuidado
Com o tempo, o dependente pode deixar de tomar banho, escovar os dentes ou trocar de roupas. O descuido com a higiene pessoal é um sinal de que a dependência está avançando.
6. Perda de peso significativa
A alimentação inadequada e as noites sem sono podem levar à perda de peso acentuada. Além disso, o uso de substâncias compromete o sistema imunológico, tornando o indivíduo mais suscetível a doenças.
7. Desaparecimentos frequentes
O dependente pode passar dias fora de casa, muitas vezes sem dar notícias. Alguns chegam a morar nas ruas para manter a liberdade do uso da substância.
8. Envolvimento em atividades ilícitas
Para sustentar o vício, ele pode começar a cometer furtos ou pedir dinheiro constantemente. Em alguns casos, o envolvimento com crimes se torna uma realidade perigosa.
9. Relação de dependência financeira com a família
O dependente passa a ver os familiares apenas como uma fonte de dinheiro para sustentar o vício. Nesses casos, a relação familiar se deteriora, e a ajuda fornecida apenas prolonga o ciclo da dependência.
Quando a Família Deve Tomar uma Decisão
Muitas famílias postergam a internação por medo da reação do dependente ou pelo receio de que ele se revolte. No entanto, quanto mais tempo a decisão for adiada, maior será o risco para a vida dele e de todos ao seu redor.
A internação tem o objetivo de garantir a segurança e oferecer um ambiente adequado para o tratamento. A avaliação de um profissional da saúde é essencial para determinar se essa é a melhor solução.
Se a dependência já atingiu um nível crítico e o dependente não aceita tratamento voluntariamente, a internação involuntária pode ser necessária.
Esse tipo de internação, permitido por lei, ocorre quando um médico atesta que o indivíduo não tem mais controle sobre suas ações e representa um risco para si mesmo e para os outros.
O Papel da Família no Processo
O apoio familiar é essencial durante e após a internação. Além de buscar informações sobre a clínica escolhida, os familiares devem estar preparados para lidar com o retorno do dependente à sociedade.
O acompanhamento psicológico e terapêutico é crucial para evitar recaídas.
Se você tem dúvidas sobre a necessidade de internação, busque orientação profissional. A dependência química é uma doença séria, mas com o tratamento adequado, é possível oferecer ao dependente uma nova chance de vida.