Ibogaína para Dependência Química

A ibogaína tem demonstrado grande eficácia no tratamento da dependência química. Descubra como essa substância pode ajudar na recuperação e quais são seus riscos e benefícios.

A dependência química é um dos desafios mais complexos no campo da psiquiatria e da saúde pública.

Entre as diversas abordagens terapêuticas, a ibogaína tem se destacado como uma alternativa inovadora para o tratamento de transtornos relacionados ao uso de drogas.

Extraída da raiz da planta africana Tabernanthe iboga, essa substância tem sido utilizada por comunidades tradicionais há séculos e, mais recentemente, vem sendo investigada cientificamente por seu potencial no combate à dependência.

O que é a Ibogaína?

A ibogaína é um alcaloide psicoativo encontrado em algumas plantas africanas, sendo mais comum na Tabernanthe iboga e na Voacanga africana.

Seu uso tradicional está associado a rituais espirituais da cultura Bwiti, no Gabão, onde jovens passam por um processo de iniciação utilizando a substância.

No entanto, foi na década de 1960 que a ibogaína ganhou atenção no Ocidente, quando um jovem dependente de heroína, Howard Lotsof, percebeu que, após consumi-la, não sentia mais sintomas de abstinência ou fissura pela droga.

Como a Ibogaína Atua no Cérebro?

A ibogaína age em múltiplos sistemas do cérebro, promovendo a reestruturação das conexões neurais.

Um dos seus principais efeitos é a capacidade de estimular a produção do fator neurotrófico derivado da glia (GDNF), que auxilia na neuroplasticidade, favorecendo a recuperação de circuitos neuronais danificados pelo uso de substâncias psicoativas.

Outro aspecto importante é sua capacidade de reduzir os sintomas de abstinência, especialmente em dependentes de opioides, como heroína e fentanil.

Pacientes relatam que, após o uso, experimentam um estado de equilíbrio emocional e clareza mental, permitindo que retomem suas vidas sem o impulso compulsivo pelo uso de drogas.

Eficiência no Tratamento da Dependência Química

Estudos observacionais e relatos clínicos indicam que a ibogaína tem uma taxa de eficácia significativamente maior do que os tratamentos convencionais para dependência química.

Em alguns estudos, cerca de 60% a 80% dos pacientes conseguiram se manter abstinentes por longos períodos após uma única sessão de tratamento.

No Brasil, diversos especialistas têm conduzido estudos e aplicado a ibogaína em tratamentos supervisionados, especialmente em ambiente hospitalar, para garantir segurança e minimizar riscos de complicações cardíacas.

A substância é legal no país e pode ser utilizada sob indicação médica.

Riscos e Cuidados Necessários

Embora a ibogaína demonstre resultados promissores, ela não é isenta de riscos. Seu uso pode provocar alterações cardíacas, como a prolongação do intervalo QT, o que pode levar a arritmias fatais se não houver monitoramento adequado.

Por isso, o tratamento deve ser realizado em ambiente hospitalar, com avaliação prévia do sistema cardiovascular do paciente.

Outros efeitos adversos incluem náuseas, tontura, alterações na coordenação motora e fadiga. Por isso, é essencial que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar durante todo o processo.

Ibogaína: Uma Nova Esperança no Combate à Dependência

Com o aumento dos casos de dependência química e a crise dos opioides em vários países, a ibogaína surge como uma alternativa valiosa para pacientes que não obtiveram sucesso com os tratamentos convencionais.

Apesar do preconceito inicial e da falta de regulamentação em alguns países, o avanço das pesquisas pode abrir caminho para que essa substância seja mais amplamente aceita e utilizada.

No Brasil, algumas clínicas especializadas já oferecem esse tratamento, proporcionando uma opção segura e supervisionada para aqueles que buscam superar a dependência e recuperar sua qualidade de vida.

Herberson Oliveira

Herberson Oliveira

Biólogo formado pela UFG, atualmente Chefe da Equipe de Treinamento para Clínicas de Recuperação e compartilha dicas aqui no blog do Portal